sábado, 26 de janeiro de 2013

Lembras-te de como era escrever uma carta à mão?

As palavras eram pensadas, sentidas, não escorriam amparadas por um corrector ortográfico.
Sou ainda do tempo em que na Escola do Viso se usava caneta de tinta permanente. Ao aparo ou "bico de pato" juntava-se o indispensável "mata-borrão". Algo impensável para esta geração que faz do delete e do copy-past uma auta-estrada das letras.
Algumas cartas, as que nasciam e originais cresciam, continham letras, palavras, pensamentos riscados, rasurados.
Uma prova de uma linha de pensamento repensada.
Outras, mais alindadas, serviam o mesmo objectivo: enviar uma mensagem pessoal e intransmissível. Impregnadas de um acto muito íntimo.
Hoje recebemos cartas. Mas com contas para pagar. Ou avisos de corte.
Hoje já não escrevem cartas de amor. Hoje já não se pergunta a um amigo ou familiar distante como vai a vida. Usa-se o e-mail ou o facebook. É mais cómodo.
Mas a verdade é que se perdeu muito deste acto maior de deixar fluir o pensamento e o sentimento pelo corpo de uma caneta. De tinta permanente ou da BIC.
Julgo que a última carta que escrevi foi há mais de 20 anos. Para uma tia de Lisboa. Está na hora de regressar a este hábito saudável. De comprar um envelope e um selo. De me sentar e, com calma, escrever. Com melhor ou pior caligrafia, com esta ou aquela gralha. Mas escrever.
Fica o convite a este exercício. Escreva uma carta.


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