domingo, 21 de abril de 2013

A paz, o peixe e a cantiga - opinião de José Luis Sousa

A paz, o peixe e a cantiga

Nota mental: nas notícias, os títulos querem-se curtos. Na opinião, não. É ao gosto de cada um. E assim, o título desta crónica deve antes ler-se “o João é da paz, o Miguel perdeu o peixe e o Carlos avô da cantiga”. Comecemos, então…

Quem elegeu o João, vai para quatro anos, esperava, certamente, uma mudança radical, pelo menos de atitude, isto quando comparada com a dos dois anteriores mandatos.
Um juiz, logo, as doses certas de autoritarismo – tantas vezes necessário – mas também de compreensão pelos problemas de cada um, do comum cidadão, quanto mais não fosse por ter integrado uma qualquer comissão de direitos humanos.
Afinal, saiu-nos assim uma espécie de julgado de paz. Com excepção dos últimos meses – por razões eleitorais ou porque a paciência tem limites – temos assistido a uma transformação, ainda que ténue. Mas, para o que realmente interessa, tudo em paz. Eu, que até sou adepto de murros na mesa, quando estes se impõem, confesso-me desiludido. Porque, no fim de contas, garotos políticos e outros imprestáveis da sociedade, vão continuar alegremente a mandar neste Portugal de rastos. E por aqui me fico, que muito haverá, certamente, para dizer nos meses que se avizinham.
Já o Miguel ensaiou, há uns meses (ou será que já passou um ano, ou mais?) assim como quem lança o barro à parede a ver se pega, um logótipo do qual já poucos se lembram. Foi tal o (in)sucesso da iniciativa – ainda Miguel era possível candidato a candidato, recusando símbolos partidários por perto – que aquilo que lembrava, vagamente, um coração com um peixe e outros símbolos da Figueira lá dentro, desapareceu de circulação. Pena tenho de não o ter guardado para o poder mostrar – que a memória das pessoas é curta – mas nada… puff!! Foi um ar que lhe deu!
O peixe foi agora trocado por uma dupla onda, essa sim que aparece a suportar – ou a varrer, porque, nunca esqueçamos, o poder do mar é imenso – a candidatura. Vale a Miguel a vantagem de gostar a sério da cidade onde nasceu e cresceu. Mas será que isso vai valer tudo? Veremos!
Falta o Carlos. O Carlos é um desconhecido da maioria das pessoas, a não ser daqueles que, em alguma altura da vida, na Figueira, ou noutros locais do País, com ele conviveram, pessoal ou profissionalmente. O Carlos é um distinto professor universitário em Aveiro, psicólogo de renome, antigo comentador de programas televisivos na sua área, e eu, que o conheço vai para mais de 20 anos, reconheço-lhe, sem dúvida, grandes capacidades profissionais.
Mas o Carlos - que se prepara para ser indicado oficialmente como candidato camarário do movimento de cidadãos que já foi 100 por Cento – sujeitou-se a ser entrevistado, como quem se candidata a um emprego, antes de ser (o) escolhido. Isto a fazer fé nas viperinas línguas cá da terra!
O Carlos não é político, nunca o será. Andou por aí, há uns anos, a exercitar a cidadania em apoio a um tal de Arrobas da Silva, um advogado alfacinha que também tinha em mente – dizia ele - chegar a presidente da Câmara da Figueira, mas pouco mais.
E temo, a concretizar-se a candidatura, o Carlos vai ficar na história, (se a história o lembrar) como bode expiatório do canto do cisne de um projeto, hoje sabemos falhado, que muito prometeu pela diferença em relação aos partidos. Um movimento que, precisamente, onde mais se destacou, foi por pecar por omissão, ou dito por outras palavras, por na hora da verdade fazer igual ao que os partidos têm de pior.
Resta explicar porque é o Carlos avô da cantiga: sendo o filho autor do inenarrável hino do tal movimento, o Carlos é o avô! Piada seca esta, admito. Mas os tempos atuais também não dão vontade nenhuma de rir…!
Nota: Aos domingos, o jornalista José Luis Sousa assina uma crónica no «Figueira Na Hora»

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