"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la.
Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são.
Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte".
Gabriel Garcia Marquez
É isto mesmo.
Ser jornalista é muito mais do que perseguir uma mera carreira profissional. É um estado de espírito permanente.É vibrar, por vezes sofrer.
É não fechar a porta do escritório às 19h00. É uma total disponibilidade muito para além do horário que decorre do contrato de trabalho mas que se prolonga por muitas, muitas mais horas.
É ter capacidade de encaixe para perceber que quando tudo está bem, não há feed-back algum.
Mas quando se escreve, edita algo que movimente o pensamento que alguns preferem morto, são muitas as reclamações. Por um direito que nunca o chega a ser e que é nulo à partida.
Talvez por isto e muito mais, sejam tantos os que se julgam jornalistas.
Talvez por isto e muito mais sejam muitos os que se auto-denominam jornalistas.
Talvez por isto e muito mais, haja quem julgue perceber o jornalismo.
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