Se é verdade que hoje em dia as distâncias parecem estar mais curtas, graças à Internet, também é verdade que se perdeu algo do bom que existia no conceito de vizinhança.
Qualquer um de nós, de vocês, pode chegar a casa e no conforto do lar visitar um museu a milhares de quilómetros.
Podemos ficar a saber ao minuto o que aconteceu em mais um atentado no Médio Oriente, ou quem venceu outro concurso do Masterchef.
Podemos acompanhar em direto uma sessão da Assembleia da República.
O facebook abre portas a um novo conceito de amizade, onde o toque físico deu lugar ao virtual. Tem as suas vantagens, mas também muitas desvantagens, conversa que ficará para outra oportunidade.
Mas se calhar não sabemos o nome do vizinho do rés-do-chão ou até da porta ao lado.
A relação próxima que outrora acontecia hoje está limitada a uma «boa tarde».
O governo entende que temos freguesias a mais. Fazem-se novos mapas, todos baseados em agendas. Individuais ou associativas/colectivas. Cada proposta apresentada (ou não proposta) não surge de forma ingénua e pretende ir ao encontro de determinados pressupostos.
Com o fim de algumas freguesias, irá diminuir a proximidade entre o freguês e o representante autárquico?
Ou será uma nova oportunidade para se apostar em novos modelos assentes, acima de tudo, no bem estar do cidadão e no pleno funcionamento das instituições?
Estaremos mais perto uns dos outros? Não sei.
Espero é que as escolas funcionem, que os centros de saúde atendam bem, que as ruas estejam minimamente alcatroadas e que os passeios estejam limpos. Que possam viver em segurança e com um mínimo de dignidade.
Espero que com estas super-freguesias se tomem outras medidas de protecção mais eficazes aos socialmente desfavorecidos. Que os muitos jantares de solidariedade aconteçam sempre e que as visitas às freguesias também, e não apenas nestes tempos que se abrem.
Tal como a Internet, a reforma administrativa territorial tem dois caminhos. Importa reter o melhor dos dois.
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