Sessões solenes... muito bem... ou não.
Há quase 20 anos, por questões profissionais, que tenho assistido a sessões solenes que marcam este ou aquele aniversário nesta ou naquela coletividade, nesta ou naquela instituição.
Com raríssimas excepções, o modelo é precisamente o mesmo! Começa-se sempre tarde, canta-se o hino, lê-se o expediente e lá se entra no extenso caminho dos discursos. Muitos discursos!
Fala toda a gente, em representação de tudo o que é instituição.
Tenho para mim que uma sessão solene deve assinalar uma data marcante: 20, 30, 40, 50, anos. Ao fazer-se todos os anos, sem parar, torna-se "vulgar".
Pouco mais é do que um cumprir de calendário, perdendo a tal solenidade, um acto maior.
Mas antes vem a parte que mais me tira do sério: os cumprimentos e "salamalecos"!
- "Boa noite Excelentíssimo Presidente Daqui;
- "Boa noite Excelentíssimo Presidente Dali;
- "Boa noite Excelentíssimo Presidente Dacolá;
- Boa noite meu querido amigo Senhor de tal...
Não seria mais fácil dizer apenas um "boa tarde", ou "boa noite" a todos os presentes? E assim se perdem 10 minutos nestas trocas de galhardetes. E o povo sentadinho, a ouvir, pois claro.
Voltando aos discursos, não seria mais prático apenas um ou dois? Um responsável pela "casa" e um orador convidado?
É que muita boa gente não vai às sessões solenes porque está farta de discursos e mais discursos. E esta não é apenas a minha opinião, acreditem que não!
Quando às vezes pergunto a um conhecido se vai a esta ou aquela sessão, normalmente a resposta é: "não, pá. aquilo é uma seca, o mesmo de sempre!".
Há quem opte por modelos alternativos. O Sporting Clube Figueirense, que ontem comemorou 94 anos de história, optou por um espectáculo que assinala o aniversário. Nada de sessões solenes ou discursos.
A decisão foi criticada por uns e aplaudida por outros. Eu, que nada tenho a ver com o clube, acho muito bem.
Se a intenção é ter gente, ter vida e sobretudo muita juventude nas colectividades, estas devem modernizar-se. Não quero com isto dizer que devem rasgar com o passado. Nada disso. Apenas perceber que o passado já lá vai. O presente é hoje. Há, pois, que encontrar novos modelos condizentes com os tempos em que vivemos.
Até porque a ausência de público - acredito - é altamente frustrante para os que se entregam de alma e coração a estas sessões solenes. Que fazem de tudo um pouco para que tudo corra bem. E depois, meia dúzia de pessoas na sala.
Para os que não concordam com esta opinião e entendem que o melhor é fazer igual e não diferente... paciência.
Temos todos de respeitar a pluralidade de ideias. Mas também partilhá-las. A ver se algo muda. Digo eu...