sábado, 31 de março de 2012

Tenho em mim a fúria de mil mundos


Tenho em mim a fúria de mil mundos.
Tento viver mas tudo me é negado num desassossego perene.
Hoje falta-me a paz de mil mundos.
Um olhar que tudo rasga sem nada tocar. Que fere. Que geme. Um sofrer silenciado.
Tenho em mim a fúria de mil mundos.
Tento ouvir. Tento ver. Tento sentir. Tento esquecer.
Tento sorrir. Quero sorrir. Ser o que sou. Não onde estou.
Mas falta-me a paz de mil mundos.
Se pudesses sentir o que eu sofro, não me criticarias. Se pudesses sentir a profundidade do abismo, deste abismo, então perceberias porque sou o que não queres que seja.
Porque não sou o que desenhaste, o que arquitectaste.
Tenho em mim a fúria de mil mundos.
Porquê?
Porque tenho em mim mil mundos. Iguais. Diferentes. Suaves. Agressivos.
Porque guardo em mim a distância de mim.
Porque recuso ser o que não sou. Porque acuso ser o que sou. Porque busco ser.

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